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Caixa de pesquisa - inativo

No Brasil as fontes utilizadas pelo Ministério da Saúde (MS) para estimar os Indicadores de Mortalidade tem sido, desde a década de 70, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), para o numerador, e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), a partir da década de 90, utilizado para fornecer o número de nascidos vivos no denominador, quando for o caso.

Devido a falhas na captação do número de óbitos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e/ou de nascimentos vivos pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), o uso das fontes acima referidas requer algum tipo de correção.

Neste sentido, o MS vem, desde 2016, buscando aproximação com o IBGE, para realizar alguns estudos piloto, de comparação de coletas de registros de nascimentos e óbitos, realizadas pelo MS para o Sinasc e SIM respectivamente, com os registros de nascimentos e óbitos coletados junto aos cartórios do registro civil, e consumidos pelo IBGE em sua pesquisa Estatísticas do Registro Civil. Esses estudos mostraram uma robustez muito grande nas coletas feitas tanto do MS, captadas pelo Sinasc e pelo SIM, quanto dos cartórios, captadas pelo IBGE. Este cenário viabilizou a aplicação do método de captura/recaptura que busca, a partir de duas ou mais fontes, estimar o universo do fenômeno que se pretende captar. Com o universo estimado, foi possível gerar estimativas de cobertura de cada uma das coletas em relação ao universo. E derivado desta métrica, foi possível também estimar os fatores de correção específicos a serem aplicados, tanto à coleta do SIM e Sinasc, quanto à coleta dos cartórios.

Os resultados observados a partir dos dados de 2015 em diante são bastante robustos, tendo sido objeto de diversas publicações, pelo IBGE e pelo MS, e também de estudos de validação conduzidos por servidores das duas instituições em uma parceria com a Faculdade de Demografia da Universidade de Melbourne na Austrália, em 2018, que resultou em aprimoramento do tratamento metodológico.

Ao longo de 2024, o uso dos fatores de correção derivados do método foi discutido no Comitê Gestor de Indicadores (CGI) de mortalidade da Ripsa, tendo sido indicado o seu uso como substituto do método de busca ativa na correção das taxas de mortalidade infantil no Brasil.

O IBGE também decidiu usar o método nas estimativas da taxa de mortalidade infantil divulgadas pela instituição, desagregadas por Unidade da Federação, a partir do ano estatístico de 2023, o que significa que, pela primeira vez, as duas principais instituições nacionais que calculam e divulgam esse indicador todos os anos, apresentarão taxas de mortalidade infantis convergentes. O IBGE, que chegou a divulgar anteriormente estimativas de nascidos vivos e óbitos, desagregadas por idade da mãe ou do falecido, pelo método de captura/recaptura, com selo de pesquisa experimental, retirou no início deste ano o selo de experimental, e passa a divulgar como oficial esse conjunto de estimativas e indicadores.

Vantagens do método de captura/recaptura

  • O método está bem validado, incluindo recursos metodológicos que contornam problemas relacionados ao grau de dependência entre as fontes.
  • O uso de dados secundários é bem mais barato que qualquer pesquisa que precise ir a campo fazer algum tipo de coleta de dado.
  • O método utiliza dados atuais a cada ano, permitindo maior precisão nos ajustes.
  • O país passa a contar com uma estimativa única de mortalidade infantil, reconhecida pelas duas instituições principais produtoras deste dado, MS e IBGE, e reconhecida também pela Ripsa.
  • Taxas de mortalidade infantil para municípios serão divulgadas, pela primeira vez, pelo Ministério da Saúde, também corrigidas por fatores de correção. A princípio, todas as capitais e todos os municípios com 300 mil ou mais habitantes, passam a ter estimativas corrigidas por método de captura/recaptura.
  • Existe possibilidade de um grande número de municípios com menos de 300.000 habitantes também poderem ter suas taxas de mortalidade infantil calculadas pelo método de Captura/Recaptura. Esforços nesta direção estão sendo desenvolvidos.

Fontes de dados

De 2000 a 2014, os nascidos vivos e óbitos constam nos Indicadores Implícitos na projeção da população, edição 2024, publicados pelo IBGE1.

  • IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeções Populacionais do Brasil e Unidades da Federação, 2024 IBGE: Indicadores Implícitos.

De 2015 em diante, os nascidos vivos e óbitos infantis constam no Estudo Complementar à Aplicação da Técnica de Captura-Recaptura, publicado pelo IBGE2.

  • IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeções Populacionais do Brasil e Unidades da Federação, 202 IBGE: Captura e Recaptura.

Referências

1IBGE. Sistema de Estatísticas Vitais. Disponível em: Estimativas de Sub-Registro | IBGE

2IBGE. Projeções da População. Disponível em: Projeções da População | IBGE